Tarcísio de Freitas: o escolhido do mercado
- edivaldo rossetto
- 1 de abr.
- 2 min de leitura
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já é tratado como o candidato da Faria Lima para a eleição presidencial de 2026. Sua gestão voltada para privatizações e concessões o transformou no nome preferido do setor financeiro, que busca um governo alinhado com seus interesses econômicos. Além disso, Tarcísio representa uma alternativa para empresários e investidores que querem se distanciar do bolsonarismo e de figuras que defendem pautas extremistas.

Privatizações e o apoio do mercado
O principal motivo do entusiasmo da elite financeira com Tarcísio é seu compromisso com privatizações e parcerias público-privadas. Sua gestão em São Paulo tem acelerado processos de concessão de serviços essenciais, como saneamento, transporte e infraestrutura. Para a Faria Lima, ele é o nome ideal para levar esse modelo para o governo federal.
A lógica é simples: menos Estado, mais espaço para o setor privado e, consequentemente, mais oportunidades para grandes grupos econômicos lucrarem com serviços que antes eram públicos. Esse alinhamento com o mercado faz de Tarcísio o sucessor natural do projeto liberal iniciado no governo Temer e continuado (com tropeços) por Bolsonaro.
Um nome de confiança para a elite financeira
Outro fator que fortalece Tarcísio é a busca do setor financeiro por um candidato que garanta estabilidade e previsibilidade, sem os riscos políticos associados a Bolsonaro e sua família. A elite paulista quer um governo que continue transferindo bens públicos para a iniciativa privada e garantindo o rentismo, mas com classe e boas palavras — algo que Bolsonaro nunca conseguiu entregar.
A preferência por Tarcísio também reflete um afastamento dos setores mais radicais da direita, incluindo aqueles que defendem golpes militares e rompimentos institucionais. O mercado quer segurança jurídica e econômica, sem os ruídos e as crises constantes que marcaram o governo Bolsonaro.
Campanha antecipada?
Esse favoritismo já começa a se manifestar publicamente. Recentemente, estive em uma palestra do sócio do BTG Pactual, Felipe Miranda, realizada em Bauru. O evento, que deveria ter como foco debates econômicos, acabou se tornando um ato informal de campanha para Tarcísio. O tom era claro: o governador paulista é a grande aposta do setor financeiro para 2026.
Mesmo que oficialmente Tarcísio afirme que disputará a reeleição em São Paulo, os sinais emitidos pelo mercado indicam que a pressão para que ele entre na corrida presidencial será intensa. Se depender da Faria Lima, a candidatura já está lançada.
Bolsonaro é a pedra no caminho
Diferente do que muitos imaginam, a centro-direita liberal torce muito mais pela condenação de Bolsonaro do que o próprio PT. O mercado sabe que a volta do ex-presidente à disputa eleitoral seria um grande obstáculo para seus planos, dificultando a viabilização de um nome mais técnico e previsível, como Tarcísio.
Os grandes empresários e investidores paulistas veem Bolsonaro como uma peça fora do tabuleiro. Já o ex-capitão, por sua vez, não esconde o incômodo com a ascensão do governador paulista. Ele se sente traído e sabe que, sem seu apoio, Tarcísio não estaria onde está. Se essa tensão crescer, a disputa dentro da direita pode se tornar tão acirrada quanto a briga contra a esquerda.

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